Havia neles um movimento manso como as noites quentes de verão. Traziam em si, desenhado nos corpos nus, a claridade [morna] vinda da rua. Eram eles um misto de boemias, noites mal dormidas, cinzeiros cheios, copos vazios, quartos diversos. De relacionamentos perfeitos estavam cheios! Experimentavam o risco. Arriscavam-se andando na corda bamba, na linha de morte, na possibilidade do aniquilamento. Com algum medo, muitas incertezas, com distanciamento, com prazer! [Ahh... E que prazer]. Deixam-se à mostra. Expunham o pior. Cansam do tédio. Tencionam o jogo. Rebelam-se com prudência. Cartografam o amor. Não acumulam reservas: apaixonam-se [quase] diariamente! Sem remédios, sem caixa de fotografias, sem cartões de aniversários. Eles que forjam a data do namoro, as convenções matrimoniais, a mesa posta! Eles que riem sem motivo, vivem de pouca grana, compartilham sonhos, fazem planos. Eles que da felicidade provam instantes. Eles que reconhecem esses instantes. Eles que se sentem bem. Eles que sorvem goles do mais vagabundo vinho. Naquela noite fitavam um ao outro. Suas bocas tingidas beijavam com vontade. Até o amanhecer não se proferiu palavra, não se acolheu o sono, não se fez promessas.
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